Em que você é bom: uma reflexão sobre conhecimento e carreira profissional

“Em que você é bom?” — me perguntou um colega arquiteto de tecnologia, num bate-papo sobre carreira. “Não dá pra gente ser bom em tudo.”, ele completou. Eu não sabia bem o que responder, e pra dar continuidade à conversa, puxei assunto sobre alguns temas que acho que conheço com alguma profundidade e que poderíamos discutir um pouco mais.

Após alguns minutos, ficou claro que ele não se impressionou com meus conhecimentos nas áreas em que eu acreditava que era bom. Aquilo me incomodou. Não porque a opinião dele sobre mim tivesse tanta importância, mas porque eu concordava com ele. E eu concordava com uma afirmação implícita na pergunta: é importante ser bom em alguma coisa. E eu não soube dizer pra ele em que eu era bom.

Eu amo aprender. Não costumo estudar temas que não são úteis no meu dia-a-dia, mas vou a fundo em tópicos que me ajudem a resolver desafios de meus clientes. Entendo o detalhe necessário para definir o problema, desenhar e analisar suas possíveis soluções, implementar MVPs ou provas de conceito, e guiar a implementação até sua conclusão. Acredito que essa minuciosidade é importante para garantir o sucesso da solução, tanto no curto prazo minimizando atrasos e gastos no desenvolvimento, quanto no longo prazo aumentando o potencial de evolução da solução em termos de segurança, estabilidade, escalabilidade, performance e outros.

Assim que um desafio é solucionado, o próximo me aguarda, e com ele desejavelmente vêm novos aprendizados. Quando os desafios que o cliente me apresenta são de diferentes naturezas, deixo de usar habilidades que adquiri resolvendo os problemas anteriores, e às vezes as “esqueço” por falta de prática.

Isso explica a reação desanimada do meu colega com a nossa conversa. Eu não soube responder a pergunta dele. Há assuntos em que não tenho necessidade de me aprofundar, e isso fica claro numa conversa com um especialista. Mas é uma troca: o conhecimento que ganho em outras áreas me torna capaz de resolver uma variedade maior de problemas para meus clientes. Eu acredito que aprender vários temas aumenta minha capacidade de aprender rapidamente, na profundidade necessária para resolver o problema que tenho em mãos.

Se hoje me fizessem a mesma pergunta, eu responderia sem hesitar: eu sou bom em aprender coisas para solucionar problemas.

E você? Em que você é bom?

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